Olá, meus caros amantes da História! Tudo maravilha?
Hoje quem vai escrever pra vocês é o meu colega Felipe Tavares. Trata-se de um artigo muito interessante sobre um Mapa de um Brasil totalmente reconfigurado, fragmentado e despedaçado por sentimentos separatistas fruto de um pensamento colonizado.Ele relaciona esse modo de pensar com a Guerra Civil de 1932.
O post está ótimo, confiram!!!
E você, o que acha do pensamento colonizado???
O post está ótimo, confiram!!!
E você, o que acha do pensamento colonizado???
Deixe seu comentário pro Felipe ler e falar com vocês abaixo do post!
O texto é dele; só o título é meu!
Abraços Cabralinos =)
Cabral Lima
CUBA À (VEREADORA) BRASILEIRA?
Por Felipe Tavares
Hoje, voltando para
casa, encontrei um amigo que me contou que esse mapa, que eu conhecia, havia
sido formulado por uma vereadora do município de Natal. A primeira vez que vi
essa representação, achei que era apenas mais uma obra de ignorância da humanidade
e, portanto, ignorei-o.
Entretanto, após
descobrir que ele foi formulado por uma de nossas legisladoras, detive-me mais
em pensar a respeito e reparei que eu havia iniciado a leitura de um exemplar
da Revista de História da Biblioteca Nacional que ajudava a explicar
historicamente o pensamento de Eleika Bezerra.
O exemplar em questão
trata de uma guerra civil ocorrida no Brasil nos anos 1930. Sim, amigos e
amigas, o Brasil passou por uma guerra civil, ao contrário do que se diz e se
pensa.
Ela ocorreu mais
precisamente no ano de 1932 e colocou de um lado o governo provisório de
Getúlio Vargas e, de outro, o estado de São Paulo, que naquele momento pegou em
armas e foi para o front a fim de exigir que o novo presidente do país
formulasse uma Constituição que limitasse seus poderes e que protegesse o
modelo federativo, enfraquecido com o golpe de 1930.
Nessa ocasião, os paulistas lutaram
contra o restante dos estados brasileiros e passaram a pedir que seus cidadãos
doassem especialmente ouro para financiar a batalha. Não foram poucos os que
chegaram com colares, brincos e, principalmente, alianças que logo foram
derretidos, transformados em barras e depois em balas.
O sentimento entre muitos paulistas era
o de que São Paulo era a "locomotiva do país", ou seja, era um polo
econômico que sustentava financeiramente toda a nação. Por isso, seus desejos
políticos não poderiam ser ignorados, deveriam ser ouvidos e seguidos. Não
fosse São Paulo, o país seria mais pobre do que já era e não teria tipo algum de
modernidade; seria apenas atraso econômico e social.
Outras pessoas de outras regiões, no
entanto, pensavam diferente. Na região hoje conhecida por Nordeste e também no
Norte havia o sentimento de que Getúlio Vargas praticara um tipo de equilíbrio
de poder mais justo, abrindo a possibilidade para que estados mais pobres
tivessem maior expressão de nível nacional, o que antes era dificultado pelo
poderio de São Paulo, de onde vinha a maior parte dos presidentes.
Além disso, as camadas
mais pobres enxergavam em Vargas alguém que beneficiava as populações do
interior do Nordeste através de obras de combate à seca promovidas por um órgão
chamado DNOCS.
Em períodos de estiagem, eram destinadas
verbas pelo governo federal para os governos locais que serviam para gerar
empregos, evitar a migração e combater a fome. A construção de estradas e
prédios públicos foi uma das estratégias adotadas para se atingir esses fins. A
população dessa região, também por isso, foi uma das que mais se engajou na
luta contra os paulistas e não foram poucas as pessoas que se alistaram
voluntariamente para combater contra o referido estado do Sudeste.
Getúlio venceu. Como se
pode perceber, portanto, a vontade de uma elite paulista de se fazer ouvir a
qualquer custo não consiste em novidade. Ela faz parte da história de nossa
República e não é tão surpreendente para quem conhece um pouco de História.
Mas eu não poderia encerrar esse humilde texto
sem voltar a nossa querida vereadora. Apesar de morar em uma cidade no
Nordeste, ela se rendeu a um discurso que tem muita força no Sudeste do Brasil,
que é a vontade de excluir do mapa do país a nossa região pelo fato de ela
haver votado maciçamente em uma determinada candidata. Aqueles que não aceitam
a derrota legítima nas urnas mostram que não respeitam a democracia, que é o
direito à discordância.
Mas parece que a parte
mais complicada não é essa. A vereadora fez questão de revelar para o mundo
ouvir que, embora legisle para uma cidade do Nordeste, o seu pensamento em
parte é formulado por um pensamento muito forte na região mais rica do país.
Nas ciências humanas isso tem nome. Dizemos que esse pensamento é colonizado.
Parte
daquilo que falei pode ser encontrado aqui:
https://br.noticias.yahoo.com/vereadora-em-natal--rn--prop%C3%B5e-que-nordeste-e-norte-virem--nova-cuba-170050280.htm
https://br.noticias.yahoo.com/vereadora-em-natal--rn--prop%C3%B5e-que-nordeste-e-norte-virem--nova-cuba-170050280.htm
https://br.noticias.yahoo.com/vereadora-em-natal--rn--prop%
Felipe Tavares é Professor de História e Mestre em História pela UFRN.
Felipe Tavares é Professor de História e Mestre em História pela UFRN.
Muito bom o artigo Lúcio Cabral, o Felipe traçou um panorama entre a colocação da vereadora Eleika nas eleições de 2014, e a revolução constitucionalista de 1932. Neste ponto realmente o sentimento de separatismo é o mesmo, principalmente pela questão de não concordarem com o governo. No caso da revolução constitucionalista, as nomeações de interventores por parte do Governo Provisório de Vargas (1930 a 1934), acabava com a autonomia dos estados, e atingia então o sistema federalista que atendia os interesses das elites paulistas especialmente agrária. Já no caso do último pleito, o separatismo é alegado porque o atual governo segundo os separatistas "ira afundar o Brasil no Comunismo ala Cuba", indo de contrário ao projeto político de "progresso e desenvolvimento" defendido pela elite política agrária paulista que ainda mantém-se viva desde meados do século XIX. Esse detalhe das barras de ouro e alianças derretidas para virar bala é algo interessante, e pode ser comparado a uma curiosidade que remete ao período da Segunda Guerra Mundial, onde sinos de Igrejas italianas foram derretidos, e transformados em bolas de canhão para serem detonados pelas tropas fascistas de Mussolini nas batalhas que se sucederam.
ResponderExcluirObrigado, Gilliard Girorme! O artigo de Felipe Tavares faz uma ponte interessante entre o passado e o presente. No tocante ao passado, ele traz informações muito interessantes da Revolução de 1932, que não estão no livro didático e que nem sempre são ensinadas, mesmo na Graduação em História!
ResponderExcluirConcordo com você, o detalhe das barras de ouro e das alianças derretidas em barras e depois em balas é interessantíssimo, especialmente porque a Revolução de 1932 antecede a própria Segunda Grande Guerra Mundial (1939 - 1945)!!!
Abraços Cabralinos =)
Obrigado, Gilliard Girorme! O artigo de Felipe Tavares faz uma ponte interessante entre o passado e o presente. No tocante ao passado, ele traz informações muito interessantes da Revolução de 1932, que não estão no livro didático e que nem sempre são ensinadas, mesmo na Graduação em História!
ResponderExcluirConcordo com você, o detalhe das barras de ouro e das alianças derretidas em barras e depois em balas é interessantíssimo, especialmente porque a Revolução de 1932 antecede a própria Segunda Grande Guerra Mundial (1939 - 1945)!!!
Abraços Cabralinos =)
Ótimo post!
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