domingo, 15 de fevereiro de 2015

EM ENTREVISTA BOMBÁSTICA, A VEDETE DO BRASIL REVELA: "GETÚLIO VARGAS FOI ASSASSINADO!!




Segundo a amante, o casal estava na cama na hora da morte que surpreendeu o país

Figura lastimavelmente esquecida de um país sem memória histórica e artística, o nome de Virgínia Lane[1]  é sinônimo de Carnaval. Nasceu em (1920) e morreu (2014, ano passado) no mês da festa que simboliza o Brasil. Foi  atriz, cantora e vedete brasileira – nome dado às atrizes do Teatro de Revista[2].  Lançou uma série de marchinhas carnavalescas – dentre as quais a mais famosa é “Sassaricando”, tocada até hoje no Carnaval!! – e fez sucesso no cinema, teatro e televisão.

 1955- Encontro de duas grandes estrelas

Virgínia Lane e Carmen Miranda (a pequena notável) -1909/1955


A despeito de tudo isso, Virgínia Lane entrou mesmo para a História por ter se tornado a célebre – e   última! – amante do Presidente Getúlio Dornelles Vargas, o Presidente que mais tempo governou o Brasil (foram 2 períodos:1930-1945 e 1951-1954) Mas ela não foi uma amante qualquer.

Virgínia Lane, em fotografia da exposição "Vedetes em Revista - Teatro de Revista", da Caixa Cultural, São Paulo, 2007 



         Além de famosa, Virgínia entrava no Palácio pela porta da frente, fez viagens com Getúlio (acompanhada até por Gregório Fortunato, [o "anjo negro"], o guarda-costas do Presidente, que anos depois seria preso e esfaqueado na prisão, por queima de arquivo) para o exterior, onde [segundo o colunista Aroldo Murá Haygert], chegou a assinar contratos para apresentações, como fez em Portugal.

Entre a elegância (imagem a esquerda) e a sensualidade (a direita): o fato é que Virgínia Lane se tornou  a Vedete do Brasil


Ela chegou a receber o título de “A Vedete do Brasil”, dado pelo próprio Presidente!  Em suma, frequentou mais o Palácio do Catete do que muito Ministro de Estado!!
     Segundo o site da uol, "Virgínia Lane participou de 37 filmes e chegou a montar sua própria companhia para levar o teatro de Revista em todo o Brasil. Entre os trabalhos, um dos mais marcantes foi "Anjo no Lodo", onde protagonizou o que foi considerado o primeiro nu não frontal do cinema brasileiro".

Virgínia Lane: segundo Roberto Canázio, a dona das pernas que enlouqueceram o Presidente Getúlio Vargas (1882 - 1954)


Com a morte de Getúlio Vargas, ocorrida em 1954, Virgínia Lane se afastou dos holofotes da política, evitando sistematicamente se manifestar sobre o assunto. Pois bem, como ironia do destino, 52 anos e meio depois da morte do Estadista – que abriu a maior crise política de todo o século XX – e também no clima do Carnaval de 2007, em uma entrevista ao locutor Roberto Canázio da Rádio Globo, “lá pelas tantas”,  falando sobre amenidades artísticas, eis que  repentinamente  a Vedete do Brasil dispara uma declaração bombástica: Getúlio foi assassinado!

Acompanhe na íntegra, (ouçam tudo!!!) a entrevista da cantora a Rádio Globo:






E você, o que acha de tudo isso: Getúlio Vargas se suicidou ou foi assassinado? Seja como for, diante de tantas versões e controvérsias, pelo menos uma coisa Virgínia provou: que uma entrevista de Carnaval pode render uma senhora aula de História...

Deixe seu comentário, nosso bate-papo começa agora!

Abraços Cabralinos =)
                 Cabral Lima

Cabral Lima é acadêmico de História do oitavo período da UFRN.




SUGESTÃO PARA PESQUISA:

http://www.elbufon.com.br/17_virginia_lane.htm - Esse site é repleto de fotos, e possui alguns vídeos da artista.

[1] Virgínia Lane é o nome artístico. O nome verdadeiro dela é Virgínia Giaccone.  A informação é do jornal “Folha de São Paulo”.

[2] “Revista é um género de teatrode gosto marcadamente popular, que teve alguma importância na história das artes cénicas, tanto no Brasil como em Portugalque tinha como caracteres principais a apresentação de números musicais, apelo à sensualidade e a comédia leve com críticas sociais e políticas, e que teve seu auge em meados do século XX.Fonte: Wikipédia.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

CUBA À (VEREADORA) BRASILEIRA?



Olá, meus caros amantes da História! Tudo maravilha?

Hoje quem vai escrever pra vocês é o meu colega Felipe Tavares. Trata-se de um artigo muito interessante sobre um Mapa de um Brasil totalmente reconfigurado, fragmentado e despedaçado por sentimentos separatistas fruto de um pensamento colonizado.Ele relaciona esse modo de pensar com a Guerra Civil de 1932.

 O post está ótimo, confiram!!!

E você, o que acha do pensamento colonizado??? 
Deixe seu comentário pro Felipe ler e falar com vocês abaixo do post! 
O texto é dele; só o título é meu!
Abraços Cabralinos =)
Cabral Lima

CUBA À (VEREADORA) BRASILEIRA?


Por Felipe Tavares

Hoje, voltando para casa, encontrei um amigo que me contou que esse mapa, que eu conhecia, havia sido formulado por uma vereadora do município de Natal. A primeira vez que vi essa representação, achei que era apenas mais uma obra de ignorância da humanidade e, portanto, ignorei-o.
Entretanto, após descobrir que ele foi formulado por uma de nossas legisladoras, detive-me mais em pensar a respeito e reparei que eu havia iniciado a leitura de um exemplar da Revista de História da Biblioteca Nacional que ajudava a explicar historicamente o pensamento de Eleika Bezerra.
O exemplar em questão trata de uma guerra civil ocorrida no Brasil nos anos 1930. Sim, amigos e amigas, o Brasil passou por uma guerra civil, ao contrário do que se diz e se pensa.
Ela ocorreu mais precisamente no ano de 1932 e colocou de um lado o governo provisório de Getúlio Vargas e, de outro, o estado de São Paulo, que naquele momento pegou em armas e foi para o front a fim de exigir que o novo presidente do país formulasse uma Constituição que limitasse seus poderes e que protegesse o modelo federativo, enfraquecido com o golpe de 1930.
         Nessa ocasião, os paulistas lutaram contra o restante dos estados brasileiros e passaram a pedir que seus cidadãos doassem especialmente ouro para financiar a batalha. Não foram poucos os que chegaram com colares, brincos e, principalmente, alianças que logo foram derretidos, transformados em barras e depois em balas.
         O sentimento entre muitos paulistas era o de que São Paulo era a "locomotiva do país", ou seja, era um polo econômico que sustentava financeiramente toda a nação. Por isso, seus desejos políticos não poderiam ser ignorados, deveriam ser ouvidos e seguidos. Não fosse São Paulo, o país seria mais pobre do que já era e não teria tipo algum de modernidade; seria apenas atraso econômico e social.
         Outras pessoas de outras regiões, no entanto, pensavam diferente. Na região hoje conhecida por Nordeste e também no Norte havia o sentimento de que Getúlio Vargas praticara um tipo de equilíbrio de poder mais justo, abrindo a possibilidade para que estados mais pobres tivessem maior expressão de nível nacional, o que antes era dificultado pelo poderio de São Paulo, de onde vinha a maior parte dos presidentes.
Além disso, as camadas mais pobres enxergavam em Vargas alguém que beneficiava as populações do interior do Nordeste através de obras de combate à seca promovidas por um órgão chamado DNOCS.
         Em períodos de estiagem, eram destinadas verbas pelo governo federal para os governos locais que serviam para gerar empregos, evitar a migração e combater a fome. A construção de estradas e prédios públicos foi uma das estratégias adotadas para se atingir esses fins. A população dessa região, também por isso, foi uma das que mais se engajou na luta contra os paulistas e não foram poucas as pessoas que se alistaram voluntariamente para combater contra o referido estado do Sudeste.
Getúlio venceu. Como se pode perceber, portanto, a vontade de uma elite paulista de se fazer ouvir a qualquer custo não consiste em novidade. Ela faz parte da história de nossa República e não é tão surpreendente para quem conhece um pouco de História.
 Mas eu não poderia encerrar esse humilde texto sem voltar a nossa querida vereadora. Apesar de morar em uma cidade no Nordeste, ela se rendeu a um discurso que tem muita força no Sudeste do Brasil, que é a vontade de excluir do mapa do país a nossa região pelo fato de ela haver votado maciçamente em uma determinada candidata. Aqueles que não aceitam a derrota legítima nas urnas mostram que não respeitam a democracia, que é o direito à discordância.
Mas parece que a parte mais complicada não é essa. A vereadora fez questão de revelar para o mundo ouvir que, embora legisle para uma cidade do Nordeste, o seu pensamento em parte é formulado por um pensamento muito forte na região mais rica do país. Nas ciências humanas isso tem nome. Dizemos que esse pensamento é colonizado.


https://br.noticias.yahoo.com/vereadora-em-natal--rn--prop%

Felipe Tavares é Professor de História e Mestre em História pela UFRN.